05/02/2014

Idílio

Antigamente eu escrevia muitos poemas e sabia exatamente o que significava essa palavra, uma vez que era parte do vocabulário poético de muitos autores que eu lia. Hoje, por simples falta do que fazer, resolvi desmembrar o simples nome que derivou do grego para não só entendê-la como uma única palavra destrinchada no dicionário e sim em forma de sentimentos possíveis enraizados nesse mesmo nome.
A sua definição dá-se basicamente como um poema curto, pensei em relacioná-la à felicidade. O que é a felicidade senão momentos que não se alongam muito, pois ninguém é feliz integralmente nessa vida? A felicidade (o meu idílio) é um sonho que temos diariamente, esperando que seja um entretenimento alegre para as nossas emoções, uma vez que devaneios também se encontram em várias partes do nosso cotidiano. Podemos encará-la em muitos temas, em muitos momentos propícios, inclusive quando se trata de assuntos financeiros. Quem não viveu uma fantasia com a sua conta bancária no início do mês, ou quando recebeu algum seguro ou alguma grana inesperada? Isso é curto pra muita gente, pois tem gente que vive amorosamente com o seu dinheiro enquanto ele dura. Idílio!

Quem nunca viveu bucolicamente um sonho de uma viagem, ou realmente desfrutou dela com a maior paixão do mundo, sabendo que talvez não fosse durar muito tempo? Tem sentimento nisso? Idílio!
Quem nunca teve um caso amoroso com a sua casa, seu guarda-roupas, seu novo sapato, seu novo telefone, sua nova cidade, seu novo emprego, seu novo amigo, seu novo amor? Então, gente. Idílio!
Mas vamos partir para os contatos entre pessoas. Idílio é uma fantasia, uma diversão, um romance, um namoro...

Acontecimentos propriamente ditos, coragem para o encontro, tornar-se especial para alguém e aceitar que esse alguém é especial para você. Quem nunca? Um novo relacionamento amoroso é sempre um idílio, mas não que ele tenha que ser exatamente curto, mas por ser novo, ele ainda é curto. A duração e as emoções envolvidas nesses contatos são as chaves reais para o chamado idílio. Essa palavra não quer dizer apenas sobre ideais, divagações ou alheamento das partes, mas sim, sobre o encantamento que esse pequeno " quadro curto" produz em você. Penso que um idílio, poeticamente falando, é absolutamente normal e apropriado para relações pessoais, íntimas. Sem um olhar sobre a poesia do encontro, é difícil vivenciá-lo.
Relacionamentos são vistos por vários ângulos. Podemos julgá-los, podemos analisá-los, podemos encará-los, podemos poetizá-los, podemos vivê-los. Eu prefiro um idílio em que o sentido real da palavra é ideal, porque encontro sem diversão, encantamento, .sonho, imaginação e muitas conversas não é o encontro perfeito.

Mas só pra terminar: Idílio é um pequeno poema. Mas tento marcar novamente porque talvez eu não tenha explicado direito; é um pequeno poema de encontro amoroso que envolve muitos sentimentos, inclusive amor. E sim, ele é curto. Uma pequena passagem. Porque são momentos. E momentos não duram muito. Mas, quem não quer vivenciar um idílio a cada encontro, a cada momento. Está aí a tal da felicidade.
Roland Barthes diz em seu Fragmentos de um Discurso Amoroso: " mil romances, mil formas."

Viva o seu!


10/01/2014

Freud teria muita dificuldade para trabalhar hoje em dia.

E o grande pai da psicanálise dizia: "Os sonhos constituem uma realização (disfarçada) de um desejo reprimido”. 

Como interpretar os sonhos hoje em dia de maneira que eles sejam ainda objeto de trabalho para uma certa terapia, se dormir está cada vez mais difícil para muita gente e sonhar cada vez mais escasso?


Muita gente não consegue um sono perfeito que lhe dê a oportunidade de ter sonhos que constituem alguma "história" para que sejam enfim entendidos ou somente interpretados. Muita gente sequer chega a sonhar. Muita gente tem flashs durante o sono que é interrompido por gritos dos celulares que não desligam, por olhos semicerrados que vasculham mensagens somente por curiosidade. Muita gente não desliga a TV e não consegue distinguir se seu possível sonho se deu através do seu soninho gostoso ou se veio da novela surreal que estava ligada enquanto dormia.Freud ficaria mais louco que seus pacientes ao tentar decifrar tanta maluquice que se passa nas mentes que se dizem sãs hoje em dia.


- Sonhei que estava numa árvore...não, baixando aplicativo...e depois, sonhei que pulava de uma nuvem...não, que tinham notificações vermelhinhas no topo da árvore...e que eu corria nua pela rua e alguém tirava uma foto e me marcava no instagram, Doutor.


- Vixe, minha filha. Vou te encaminhar para um pajé bem lá no meio do Acre onde não pega sinal de telefone, nem de internet pra que você possa passar alguns dias com ele pra você aprender a lidar novamente com a sua vida. Ele apenas vai soprar um pozinho no seu nariz e você será curada enquanto estiver lá. Mas depois...ahhhh e depois...depois eu não sei. Tá muito difícil trabalhar com essa tal psicanálise hoje em dia!

POR QUE O AMOR TEM QUE LEVAR A CULPA?


- Terminamos!
- Sério, por quê?
- Sei lá, acho que ele não me ama mais...

Muitas vezes o amor leva a culpa pelo fim da relação, mas também, nós não levamos em conta tantas outras coisas. Por que sempre o amor é culpado pelo fim dos relacionamentos? 

É muito mais fácil culpar o amor ou a falta dele para justificar o fim de alguma coisa. " O amor dele por mim não é mais o mesmo" , " Ele não me ama quanto eu gostaria", " Já não faço mais meu trabalho com amor", " Se meu amigo me amasse, ele me entenderia" e por aí vai. Calma, gente! O amor existe e pronto! Mas ele não é responsável por tudo o que você faz.

Já parou para pensar que talvez aquele seu ex-namorado ainda te ama, mas a convivência com você pode ser bem difícil? Já pensou se você não está projetando tudo numa única palavra (e é claro, em um sentimento) esperando que só ele, o amor, te faça plena e satisfeita todos os dias?

Não...é preciso se esforçar, é preciso ser uma pessoa mais tolerável, mas flexível, mais compreensiva, mais amável, menos exigente, menos exposta, mais acessível. O amor não tem nada a ver com isso. A preguiça, muitas vezes nos faz descartar muitas possibilidades que o amor nos dá e se você compreender que é possível amar sem ser sustentado pelo tal amor, não vai colocar a culpa nele jamais.
"Nunca mais quero saber de homens, estou fechada para o amor."

E o que o amor tem a ver com isso?

O homem se foi, o amigo se foi, a decepção veio, a expectativa não foi suprida...e daí? E o amor com isso? O amor é um sentimento real e perene, você ama algo ou alguém enquanto vive, mesmo que seja só a você mesma. Quer descartar a presença ou um sentimento por alguém? Vá! Faça! Tente! Mas descartar o amor é além de tudo, burrice. Porque você vai continuar tentando, mas ele vai continuar ali. Portanto, vamos combinar? Guarde o amor, ele não tem culpa de nada.
Li uma frase em uma imagem que um amigo postou dizendo:

" Estudos comprovam que...está foda!"

Aí eu parei e analisei a frase.
Algumas pessoas interpretariam a frase de um jeito negativo do tipo " viver tá foda, uma merda", " Tá foda de ganhar dinheiro", " Tá foda aturar meu chefe", " Tá foda sair na rua com esse calor", " Tá foda viver sem meu namorado/a". Ou seja, poderiam interpretar do jeitinho que a mente delas estivesse funcionando naquele determinado momento. Ou não. Ou a frase " Tá foda" já ganhou a função de determinar o lado ruim da coisa.

Mas vamos pensar pelo outro lado, o lado que eu pensei (podem me chamar de chata que vê o lado positivo de tudo, tudo bem).

" Tá foda!"

Gente, realmente tá foda. As coisas estão caminhando bem, eu estou com saúde, mesmo que eu tenha sinusite, rinite, bronquite etc, eu tô bem. Eu não tenho câncer e nenhuma doença grave. Minha família me dá apoio, eu tenho muitos amigos. Não consegui ficar rica ainda com o meu trabalho, mas estou crescendo, estou sendo reconhecida e o tempo está me mostrando isso. Eu não passo fome, eu posso sair de casa para ver a luz, eu posso contar sempre com alguém. Alguém sempre pode contar comigo. Eu estou vivendo, não é ótimo? O sol tá fera lá fora, mas me possibilita trabalhar mais que a chuva. Tá quente demais? Eu tenho água, ventilador, ar condicionado...posso tirar a roupa sozinha sem depender da ajuda de ninguém.

E assim vai...sabe aquele lance de olhar por outro ângulo? Então, é exatamente isso. Faça uma forcinha. Não esqueça daquela frase que se usa sempre em natal, ano novo, aniversário etc " tudo de bom pra você", use ela para o seu bem, para o bem da sua saúde mental. Não a jogue fora. Faça um movimento de atração pelas coisas boas. Muita gente pode começar a achar que você está sendo um chato por só ver coisas boas. Mas e daí? Se você experimentar o quanto é bom sentir a paz dos bons pensamentos, nunca mais vai querer sair desse céu.

23/09/2013

O homem no cariri

As ruas muito cheias de pessoas que eu nunca consegui reconhecer, os barulhos vindos de todos os lados que eu nunca consegui distinguir, o não gostar de alguma coisa que eu realmente nunca consegui definir...isso tudo, meu amor, era um comichão dentro de mim. Passei a vida inteira pensando em entender o porquê de eu não me encontrar nesse mundo, o porquê de não me encaixar e de estar sempre em outro rumo. Minha querida, foram anos da minha vida querendo ser reconhecido e bastou alguns dias para que eu mesmo me reconhecesse. Talvez, o meu passado fosse tão distante que eu merecia mesmo me despejar em um lugar onde os fósseis são protegidos, estudados e ainda não decifrados. Eu merecia essa viagem, eu merecia perceber meus ancestrais (os mais distantes possíveis) para que eu conseguisse interpretar de forma plena e extremamente sedutora a minha história de vida ligada à arte. A minha vida é arte, mas aqui sou reconhecido como gente que inunda o coração e as mentes de outras pessoas com o que eu sempre soube fazer: Levar a luz! Mas eu não estava levando a luz para as pessoas certas, ou as pessoas certas não haviam ainda entrado no meu caminho para que eu pudesse ser iluminado e, com isso, sentir-me refletido nelas. Eu sou um ser pré-histórico, minhas descobertas só podiam estar em um sítio arqueológico, minha identidade agora está aqui nas pedras com figuras em baixo relevo, estampando de vez o meu lado humano, retirando de mim o fóssel, me resgatando de vez para esse lado mundano.

14/09/2013

Morte e vida da arte

Alguém uma vez me disse: "Morro sempre quando faço arte" . Talvez deve-se morrer para precisar nascer outro tom, novo som, outra idéia, mais magia, mas um teu. O Eu não faz parte de mim, tratando-se de arte, o Eu é do mundo; não existe regras porque é simples: sua arte é sua vida renascida diversas vezes, portanto, mais vida é gerada cada vez que você morre para uma outra conquista. A criatividade brota, a criatividade encharca a mente, inunda o corpo e o jeito de derrama-la é produzindo. Não há arte sem transtorno, não há arte sem estar absorto; só há limites para o que ainda não foi pensado. Às vezes é bem difícil, tem necessidade de se remendado, capturado e novamente fixado ao que você é. A sua arte é você?

04/09/2013

Faz bem saber de umas verdades!


Então é assim:

A Luana foi a primeira provinha da minha ansiedade, eu estava construindo ainda a arena da batalha, e ela tava lá, a primeira a entrar no ringue... cheia de marra

Falo do primeiro dia em que a vi, escrevendo o que iríamos tentar ver de talento disciplina e vontade... Gosto de gente que tem vontade!

Ela tem muita vontade e pouco desprendimento...será?

estou descobrindo, mas posso dizer, que com ela tem que fazer ouvido de mercador, senão é só dooooor!

Sensível também, mas, muito mais abstrata

soluçante

acho que pode ser medo de mergulhar

ela é bióloga, sabe tudo da vida, mas pouco do que pode curar feridas...

Acredita pouco em Deus, muito mais nos mistérios...

Eu gosto dela, a Kelly também, então ela deve ser muito mais que ZEMMMMMM

Acho que é isso, ela é do mar... um ouriço?

Não acho que é apenas praia. "Navaia" dessas que gostam de cortar

alguém para apaixonar, alguém para ensaiar um drama

ela sabe fazer cena, sabe declamar poema... sabe decifrar... será que sabe tudo isso e ainda desequilibrar? Fazer e dar a festa?

"Lua na" beira do abismo.

fimmm

03/09/2013

Des(enrolado)


Ele é sensível. 

A palavra sensível às vezes não diz tanto quanto deveria dizer de acordo com a sua intensidade. A sensibilidade de enxergar no outro um potencial que jamais tenha sido percebido pelo mesmo ou que este, por alguma insegurança, tenha um medo desigual ao seu talento; é sensibilidade. Procurar no próximo uma maneira de estar com ele, de produzir algo de bom nele e de até mesmo arrancar o melhor para si mesmo; é sensibilidade.
Uma pessoa sensível reconhece a outra pelo olhar, pelo toque, pelo tom de voz, pelos gostos que são parecidos e pelo afeto exalado entre eles.

Ele é amoroso. Ser amoroso vai além de querer amor, de dar simplesmente amor. Ser amoroso é querer entender o porquê de tanto amor, é querer externar o tal amor através de gestos, motivos, companheirismo, dedicação e mais: amizade.

A amizade pra ele é normal. Ser normal não é simples. Ser normal é o natural, é aquilo que vem e vai sem esforço, é deixar o vento levar…e pra quem é simples, o vento leva para os melhores lugares, porque ser simples é ser leve. A leveza está no Ser, ou você é ou você não conquista. A conquista, com ele, também vem no vento. Conquista com a força do interior que logo se mostra, conquista com a prática porque parece que nasceu para isso: conquistar pessoas. Tudo nele é muito! Muito enrolado, muito falante, muito criativo, muito ansioso, muito carinhoso, muito atencioso, muito sensual, muito tudo. Saca "muito tudo"? Ser Muito Tudo é estar no mundo se divertindo, criando, amando, transando pessoas, transando com pessoas, querendo queridos por perto, querendo por perto os amigos.

Um ser como ele vem ao mundo para harmonizar o momento, criar momentos especials, defender ideias, demonstrar afeição, gostar de ser espontâneo, resistir ao chato, não se restringir à moral, despertar dons, recriar espaços, conectar expectativas, criar vínculos, estreitar relações, educar sem dor, crescer junto, experimentar o novo, sonhar bem fundo.

Eu me sinto feliz e satisfeita por ter percebido em alguém tamanha qualidade, tamanha carência do que é bom, alguém que eu consigo ler e que ( o mais legal de tudo) também consegue me enxergar.

16/01/2013

Filhos do amor

Isso quer dizer que somos oriundos de um amor bem feito? Filhos do amor? Sim! Filhos de um amor, mais amor. Crendo e não crendo na forma em que fomos cultivados, o essencial mesmo é como adubamos os instintos de fogo quase que diariamente. Damos passos curtos, chamamos um ao outro de amigo mesmo no silêncio de uma distância longa. Feliz mesmo somos nós que alimentamos com poesia a vida do outro e nos encarregamos de nutrir a alegria a cada vez que estamos a sós. Não nos falta nada, vivemos descalços ou cobertos de cores jamais esquecidas, balançamos os cabelos mesmo quando as nuvens são baixas e podem nos alcançar. Nada é mais curtido que uma noite de prosa poética engendrando nossos corpos e mentes que logo inspira uns escritos de ponta cabeça, acabando em risadas e admirações mútuas. Somos filhos de um amor encantado que nos gerou num ventre inquieto que pede cada vez mais movimentos que circulam pela rede sem nós que cuidamos para que não haja pós. Nascemos de um plantio harmônico e a chuva de criação nos inunda de vida, assim como irmãos, estamos sempre com a energia renovada sempre que encontramos novas maneiras de tatear pequenas brincadeiras.

14/01/2013


Essa é uma carta de 2007, não escrita por mim, mas pra mim.
Preciso guardar pra ser mais facilmente acessado, por isso a publicação aqui. Uma vez que ninguém acessa o blog, fica ao menos como belo arquivo.



Nana,

    Sabe, estava eu cá pensando, pensando em tudo o que aconteceu, o que acontece e o que poderá acontecer. Estive lembrando de quando nos conhecemos, do peixe (acho que nunca vou deixar de falar dele), de todos aqueles dias inteiros levando seus dias de mau humor na boa e rindo a vera quando você levantava com o pé direito e a "LP" da PC Help funcionava o dia inteiro. E ainda pensando no que virá...quando vier...
    Engraçado como tudo parece tão recente, mesmo depois de tanto tempo...nossos mundos realmente deram muitas voltas, muita coisa boa aconteceu, coisas até que nunca pensamos que o outro faria, ficamos realmente um bom tempo afastados, mas como te falei mais cedo (e falei sério), sempre lembrei de você. Queria saber como estava, o que tinha feito da vida depois de tanto tempo e etc. Hoje como novamente estreitamos novamente este contato e conseguimos reviver aquele laço de amizade, senti como fez falta todo aquele tempo longe. Todo este tempo afastado e agora este reencontro tem me deixado cheio de "por ques" e "não seis". São coisas sinceramente não tenho como responder agora, mas tem resposta concreta, em algum lugar.
    Queria de coração me desculpar por ter te chamado de meu "carma", gostaria que considerasse como mais uma de minhas idiotices. Carma não foi o adjetivo apropiado , mas que você se tornou meu "pé de coelho" ahh isso sim...
    Você se lembra quando estavamos voltando a nos falar? Quando você estava bem pra baixo? Aos menos percebi isto...você dizia que estava tudo errado, que nada dava certo etc. Bem, você pode até não lembrar, mas te falei que o dia que vc percebesse o quanto você é especial, e realmente é, as coisas voltariam a sua normalidade...certo, hoje conversando com você percebi que já deu um grande passo, você descobriu (apesar de ter certeza que você já sabia) de onde vem a calma. E é a maior verdade do mundo aquilo que conversamos, ela vem de coisas que nos fazem bem. Não importa o que seja, desde de que te faça bem.
    Espero estar te fazendo tanto bem quanto você vem me fazendo. Venho resgatando muita coisa boa neste período e gostaria de congelar tudo isso, para que nada pudesse modificar o que está acontecendo. Você está me trazendo a calma! Quero continuar conversando besteira, coisa séria, discutir livros (você de Amir e eu de Hassan), falar asneiras e fazer tudo o que nós nos permitirmos. É daí que vai surgir a calma (e alguns arrepios de quebra).
    Você uma vez me disse que queria um jeito de me agradecer por tudo que te fiz. Não precisa, só continua assim, desse mesmo jeito, prêmio maior que reconquistar sua amizade ninguém no mundo poderia me dar e nem abrindo uma gravadora de DVD´s ou um bureau de impressão poderia recompensar tudo isso que você tem feito por mim...
    É tudo verdade, é tudo sincero queria que acreditasse no que escrevi, vem de dentro, e de um lugar que poucas pessoas tem acesso.
   


    E continuo fiel amigo, de sempre, pra sempre.


    Beijos grandes,

Eu te desejo
um ano fabuloso
cheio de fábulas e sorvetes
cheio de tortas e lembretes
cheio de histórias e interesses...
Te desejo
a paz
a inquietude
a perfeição
e o sucesso!
Te desejo
o infinito
o mundo
um livro
um amigo
Te desejo
tudo
e o além
o antes e o agora
o mais e um alguém
Te desejo
a vida
a sublimação
a satisfação
e um descanso
Te desejo
tempo
amor
declaração
e renovação
Te desejo
não sentir saudade
não sentir vontade
nem a falta
só falta.

13/01/2013

Carta aberta a um amor perdido

Oi, amor. Há quanto tempo que não aparece em mim aquela enorme vontade de sorrir quando alguém faz uma palhaçada...ah, mas também, eu só gargalhava com muita vontade quando você dizia suas frases divertidas, aquelas mais bestas possíveis que me faziam sentir vergonha e ao mesmo tempo achar a coisa mais incrível do mundo. Há quanto tempo que venho pensando na tua distância, nas mais belas coisas que trocamos, ou das coisas feias que falamos. Penso também nos teus gestos que não são mais os mesmos (já não beija mais a minha mão e não escolhe mais os meus esmaltes), nos dias que não te vejo, nas músicas que não escolho mais pra te ouvir cantar. Amor, eu sei que não somos mais os mesmos, a vida muda a todo o tempo, o vento nos leva pra mais longe, mas continuo querendo você aqui perto. Sinto falta da nossa juventude, dos nossos carinhos de criança (e de quando andávamos de mãos dadas sem nenhuma pretensão), de todas as nossas infinitas briguinhas sem motivos, somente para termos o que fazer. Sim, naquela época nós brigávamos de mentirinha, fazíamos bilhetes de criancinhas e falávamos um para o outro coisas baixinhas. Ah! Como eu adorava seus recados de bom dia, eu fingia sempre ficar de mau humor, pois assim você sempre repetia e criamos uma rotina de sentimentos, as nossas riquezas e dependências. Mesmo tendo muita saudade, creio que aproveitar o pouco tempo é o melhor a se fazer. Hoje tenho a oportunidade de sentir ainda a última vez em que tive você por perto e esse sentimento vai ecoando em mim até se perder novamente. E quando parece que o perdi, você volta. Ponho à prova uma parte de mim com sofrimento tentando saber se é um esquecimento ou se para lhe ter o suficiente, basta que eu me torne presente. Não é por achar que você se desprendeu de mim, que eu te perdi. Aliás, perdido você fica por aí, aqui em mim eu te encontro.

05/12/2012

Você foi a pessoa mais difícil pela qual me apaixonei. A começar pela distância, pois sempre era você aí e eu aqui, vez em quando era você aqui e eu aí. Pouco conseguimos o nós juntos. Eu queria ter você nas minhas coisas, queria que suas coisas fossem comigo, enfim, todas as coisas fossem nossas. Depois veio o problema dos seus amigos, não os problemas deles e sim você com eles. Sim, sempre foi uma canseira danada estar de longe sabendo que era possível que a paixão que você sentia por eles virasse um tesão por eles. E você sabe, tesão por eles você não desperdiçaria, você não. Esse sempre foi o meu medo, a sua paixão pelos demais. Não que eu fosse um homem sem paixão, mas você sempre foi uma mulher com paixão demais. Isso também era um problema, só não seria se fosse uma paixão toda por mim. Eu nunca fui de não ficar sozinho, mas depois que me apaixonei por você, a solitude virou solidão, um horror a cada minuto do dia e a possessão fazia parte de todos os meus prazeres. Sim, o meu prazer estava voltado à concentração de tentar não ficar absorto nos meus pensamentos possessivos sobre você o dia inteiro. Era uma contradição constante, uma luta diária entre meus sentimentos. Tamanha paixão. Você foi a pessoa mais difícil de dizer não. Você foi a pessoa mais odiável que conheci. Não por eu não te admirar e não ser louco por você e sim por você dizer que queria ser minha enquanto eu sabia que podia ser de qualquer um que lhe demonstrasse mais. Eu nunca fui de me mostrar, muito menos de demonstrar. Tudo que fiz foi o inverso, mas no fundo eu sabia que você entenderia o contrário, portanto, ficava em paz achando que estava tudo bem. Nunca estava tudo bem, pois a paixão por você me prendia, você prendia minha atenção, embora eu quisesse sempre estar cada vez mais perto, também lutava contra a dependência da sua ação. Sempre quis a sua paixão, mas foi sempre muito difícil te entender. Você que sempre me esqueceu, eu nunca tive essa chance. Não que eu não quisesse te esquecer, mas porque isso era uma prova grande demais que eu poderia te perder, por isso sempre quis o esforço de fazer você voltar. Fazer você voltar sempre foi muito fácil, mas fazer você ficar era um puta desafio. Eu, um homem pouco corajoso, tentava sempre estabelecer meus limites, enquanto você se aprimorava cada vez mais na falta de bloqueios dos seus caminhos. Ah! E seus caminhos sempre foram muito escorregadios pra mim, pois como já confessei, sou um homem de pouca coragem, e somente você para me fazer enxergar isso enquanto eu derrapava tentando segurar a sua vida. É, uma paixão difícil foi você. E te confesso mais uma vez: eu não sei o motivo de estar falando no passado. Você ainda incomoda aqui dentro, embora pensar em você desde a hora que eu acordo seja muito bom, eu percebo que ainda é muito difícil essa paixão que ainda (…) oras, ainda!

28/08/2011

O Sabiá do Sertão

Quando canta me comove, me faz deitar sobre as nuvens, ouvir um disco, sentir o desafio, esquentar-me de louvor. O canto dele imprime em mim o mais certo de todos os amores, canto esse que de tão distante faz-me cobrir os olhos, subir meus trilhos, colher teus sabores. Puro de sentidos, quente de assobios; a impressão que tenho é que vou decantar em toda voz, queixar-me dos nós e encher-me de soluços desesperados pelo canto que se aproxima de todos os sóis. Deve ser por isso que o sertão é tão vazio no restante do ano, deve ser por isso que quando ele não canta, meu peito se derrama, os olhos me chamam e o ritmo desanda, minha mente esvazia. Clamo então por aquela voz, aquele sorriso cantado, o poema amado...chamo então num ensejo, com desejo sucumbo à saudade, meu cheiro vai até aquela terra só para trazer de volta a poesia por trás de tanta cantiga. O sabiá do sertão cantou prosas para a vida que vivo, chorou pelo meu sumiço, contou-me do seu arrepio, quis que eu aparecesse, que eu o amasse, que eu o revivesse. O sabiá do sertão quando canta me comove...

22/08/2011

...

Tão absurda é a tua língua que se desprende do céu ao tocar palavras miúdas como prosa popular. Que pergunta se acha livre quando no teu âmago se sente segura e como uma passiva nota se encontra em possibilidades de pessoas?

Tenho admirado seus movimentos curtos, tenho enxergado seus olhos fundos que compreendem de formas e afirmam o meu lado escuro. Seu nome me lembra tudo que é sereno, assim como guia poética sem pensar e de tão perfeito, torna-se meu agito que chego a ouvir sopros pelo ar. Na segunda estrofe eu já sabia que o verso era seu e quando me olhas de lado, indicas bem querer.

Naquela estrada apareciam cores em azuis infinitos, onde iluminavam os campos verdes da cor do seu chapéu. A pele branca não era algodão só porque escolheu ser sua e a brisa forte era mais vestida que nua. Logo lá embaixo era a distância que soava clarinete por toda a vida, empurrando a chegada pra cada vez mais perto. De lado repouso minha cabeça para te escutar melhor e de perto você fala mais baixo que aquilo era em tom maior. Quanto irá de mim pra lá? Se importar, então...o que será de uma canção se não for pra criar a nossa melodia a tocar os sabores daquela nossa antiga sinfonia?

03/07/2011

eu sou muito

sou um vulcão no paraíso
trem sem destino
desatino em promessa
rede de pesca
sou pavio ainda aceso
gota na estrada
beijo roubado
vidro quebrado
coisa nenhuma
grande fortuna
perda de dente
leite quente
parabrisa na chuva
mão e luva
muita coisa, coisa alguma
giz e lousa
sou nuvem carregada
extrato desavisado
livro intacto
do nada um bocado
sou mesmo uma rua sem beira
um melão na feira
de perto bem mais simples
bonita mesmo só em dias cheios
uma luz na vidraça
o sorriso na praça
um dedinho de café
um pó, um nó
um todo, uma fruta
um gole, à luta
ao chão com sossego
o aperto no peito
um corpo vazio
o presente do tio
pedras no mar
gelo a secar
natureza que brota
vitamina na hora
queda de arbusto
um susto
um tom

sou feito semente
que reza, cresce e sobe
prezo, quero tudo
sei sempre nada
sou forma
frágil
febril
uma brisa alegre
coisa leve
letra aparente
sou isso, dó
desse jeito sonso
e mais eu escuto
que não sou só
nem no minuto
e como não deixo de ser
eu sou muito

28/06/2011

Foto: Nina

Porque sempre que duas ou mais pessoas estiverem reunidas em favor da natureza, dos homens, da natureza dos homens; há de se reconhecer o amor puro e honesto saindo desse encontro.

25/06/2011

O som do coração

Todos os toques sensíveis enraizam-se na criação em mais um cio de inspiração, seguem suaves num sentido de prazer, arranjos de saber...Só ouve quem experimenta o som, quem tem quente o laço, um dom. São desenhos imaginários que percorrem nublados, salientes num cipó, procuram-se como mestres num pêndulo de dia e noite, enfrentando a manhã para se desfazerem com nó. Preso entre os dentes, ele continua empoeirado dentro do peito, mas calmo se permite despejar-se nas grades e soltar o grito nu alegrando-se em arrepios familiares e satisfeitos a procura de uma tempestade. Ele flerta, embaraça e inquieta o instrumento que acelera em redes acordadas pelo fruto de uma alma que jamais dormiu. O som que deseja ser encontrado respira velejando nas ondas das emoções escusas, tem em seu sangue o mar de aventuras e tudo mais que nas águas pode lançar. Profundo mais que um ruído, o único fardo que um membro sem voz pode sustentar, desde que o vazio nele desgastado seja como sempre a maior e mais comovente tentação de existir entre a solidão nas janelas e seus fios que nelas percorrem, deixando queixos caídos pelo motivo de espelhar-se felizmente em sonhos fielmente harmônicos...

23/06/2011

com tato

O que sigo dizendo é que se não houver um mínimo cuidado com o primeiro olhar, adiante enfrentaremos um mundo de incertezas cujo as orientações nos levarão às técnicas sempre utilizadas, sem levar em conta a individualidade do ser e todas as suas infinitas particularidades acerca de suas emoções.

Ter contato de verdade é submeter-se ao encontro de fato, onde a procura pela subjetividade acarreta descobertas interiores incríveis e saídas antes jamais enxergadas. Refletir-se no outro nos prega a insensatez quando a imagem entendida é uma que não agregamos à nossa pessoa, porém quando se compreende a semelhança entre um e outro, a satisfação é notável porque diante daquele desconhecido se conheceu a sua integridade.

Deixemo-nos tatear não só fisicamente, mas interiormente. Quando tocados nos tornamos mais amados e assim evoluídos. Qualquer ser é capaz de se deixar crescer quando em um mundo há a necessária essência de um viver.

21/06/2011

Des(a)sfixiando. Um encontro com o mais novo e antigo desejo existente foi aeróbico, no momento eu transpiro, agora eu respiro. Num reflexo encandescente flutuei até o seu instinto e deparei-me com suas mãos me tocando, seu coração me fotografando, seus olhos me seguindo e seu pensamento igualmente nos meus braços. É a tua presença que me faz voltar com os mesmos sonhos anteriormente esquecidos, pois não te abandono mais, não me distancio mais, quero demais, sempre quis muito, não tudo. Pessoas apaixonadas por gente, pelo futuro, encarando um presente, vivendo o afeto, querendo alento, sentindo o outro, fazendo junto, sorrindo ao fundo. Como é doce voltar, reconhecer o caminho, sentir a paixão pelas coisas, enfrentar o mundo, jogar-se com tudo e voar pelo escuro. É rico não esquecer, é o que transcende a dor da separação, é a aventura que por ora arrisca no peito, um simples desafio de não conseguir apagar da mente o que se não desgastou pelo pouco tempo que se foi.